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O Cuy – Entre o Sagrado, a Tradição e o Carinho

Eu e o Ivan segurando e dando carinho aos Cuys no Museu Vivo de Yucay.
Eu e o Ivan segurando e dando carinho aos Cuys no Museu Vivo de Yucay.

Quem visita o Peru logo descobre que cada canto guarda uma história, um símbolo e um costume enraizado na alma do povo andino. Entre tantas tradições, uma chama a atenção de quem vem de fora: o cuy, o porquinho-da-índia.

Para nós, acostumados a vê-los como animais de estimação, pode soar estranho saber que, nas vilas e cidades peruanas, o cuy é criado como fonte de alimento. Ele é presença constante nos quintais das famílias, que cuidam desses pequenos seres até o momento de servi-los em celebrações e refeições típicas. Um prato tradicional, chamado simplesmente de cuy, é preparado inteiro — muitas vezes apresentado com seus dentinhos à mostra e até um pequeno chapéu andino enfeitando a cabeça.

É um choque cultural, é verdade. Ao mesmo tempo, é um reflexo profundo da conexão dos povos com a terra: nada se desperdiça, tudo é parte de um ciclo de vida e alimento.

Eu, no entanto, confesso: não consigo vê-los como refeição. Sempre que vou ao Peru, meu coração me leva a pegá-los no colo, sentir a suavidade do pelo e oferecer carinho. Enquanto muitos os veem como prato típico, eu os vejo como pequenos guardiões, companheiros que carregam consigo a doçura da inocência.

Segurar um cuy nas mãos é um lembrete de que cada cultura tem sua forma de se relacionar com a natureza — algumas mais práticas, outras mais afetivas. Para mim, é sempre um convite à empatia: respeitar tradições diferentes, mas também expressar o amor e o cuidado que trago no coração.

Assim é o Peru: uma terra de contrastes, de sabedoria ancestral e de vivências que nos desafiam a abrir o olhar, a aceitar o diverso e, ao mesmo tempo, a honrar aquilo que vibra em nossa própria alma.


 
 
 

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